Brado de Xangô

Minhas homenagens ao Finado Adão Garcia

Hoje a espiritualidade da região perdeu uma de suas maiores referências.

Adão Garcia (Adão de Xangô, do terreiro Aldeia de Xangô no Bairro Rio Branco, na cidade de Caxias do Sul RS) deixou este plano de existência.

Filho de um dos fundadores do centro espírita Alunos do Bem, acabou cedo optando por trilhar outros caminhos de religiosidade, primeiramente abraçando a brasileiríssima Umbanda (na qual permaneceu até o ultimo de seus dias, sendo o pai de santo mais antigo da cidade), e posteriormente a Nação Africana, na qual também era muito reverenciado e respeitado.

Algumas pessoas nascem para viver suas vidas, outras para se dedicarem a auxiliar os outros... por tantos e tantos anos, toda sexta feira quem precisasse sabia que poderia aparecer "lá" e seria recebido, atendido, orientado, curado, conforme a necessidade, conforme o que era "possível" ser feito.

Deixo aqui minha homenagem e meu respeito, a este grande religioso, médium, sacerdote, pai de família, avô, uma pessoa querida por todos ao seu redor.

Que os Orixás junto dos guias espirituais o recebam, como alguém que cumpriu sua tarefa neste plano, e possivelmente fez muito mais do que era esperado, certamente muito mais do que a grande maioria.

Kaô kabecilê... Salve pai Xangô, Saravá seu Pena Branca, Agô sr. Marabô!

CAMOS

P.S. Adão era o Pai de Santo do terreiro onde realizei por vários anos meu treinamento mediúnico na Umbanda.

A impossibilidade da autocura mediúnica

Há muitas injustiças e crueldades em relação aos médiuns, as pessoas acreditam que ele deve resolver todos os seus problemas (como se fosse sua obrigação fazer isso), se não fizer é charlatão ou incompetente, e como se bastasse o médium não pode ter problemas pessoais, muito menos ficar doente. Afinal se ele consegue curar os outros, como não iria poder se curar?

Entendam, médium não é Mágico, nem semi-deus, portanto nem de longe onipotente, é somente um ser em uma condição diferenciada, onde pode entrar em contato (de uma maneira ou de outra) com seres em outros níveis de existência.

Essa condição trás algumas vantagens, e inúmeras desvantagens... mas o fato é que através de uma ciência ainda inexplorada e quase totalmente desconhecida, ele pode realizar auxilio e até mesmo curas, mas isso não significa que ele poderá curar a si mesmo, em um caso de doença.

Um médico trata a si mesmo? Um cirurgião, realiza uma operação em seu próprio corpo? Um psiquiatra em depressão, é capaz de fazer um autodiagnóstico? Se para todas as perguntas a resposta é não, e olha que esses profissionais possuem todo um aporte, apoio, referências, auxílio (financeiro, profissional, científico, etc.) e mesmo assim são incapazes de resolverem seus próprios problemas... como todo mundo.

Então porque o pobre médium, que nem ao menos compreende completamente sua condição, poderia fazer diferente? Afinal, ele também não é um humano falível, confuso e assustado como o resto de nós?

Não basta sofrer discriminação, ser apontado na rua, ser mais cobrado do que qualquer um outro... ele também teria que ser (aos olhos de muitos) imune as intemperes da vida, como se o Karma poupasse alguém de seus efeitos.

A vida e a morte se da para todos, igualmente, sem discriminação, pegue leve com aqueles que são os mensageiros dos outros mundos, eles só estão no meio do caminho, "mediando".

CAMOS